A
educação é um direito de todos e uma obrigação do Estado, independentemente de
cor, raça, sexo, idade ou, ainda, qualquer característica física ou mental que
considere um ser diferente dos demais. O mundo é muito diverso, pelo fato
de se conviver com tantas pessoas e tão diferentes, principalmente no ambiente
escolar, faz com que profissionais da educação se empenhem em uma reflexão
sobre a importância de entender o outro e suas características singulares, para
tornar-se mais adequados em sua prática, bem como adequar o contexto de sala de
aula a esta realidade, que é tão rica e, ainda, que se abordada na escola pode
promover a construção de conhecimentos, a integração e aceitação “do diferente”
entre os estudantes.
Para que se possa discutir mais sobre o assunto e pensar em algumas possibilidades para o fazer pedagógico, segue uma entrevista com uma profissional da educação que trabalha com crianças portadoras de necessidades especiais, alguns desenhos de estudantes sobre como veem seus colegas "diferentes" e, ainda, algumas considerações.
Para que se possa discutir mais sobre o assunto e pensar em algumas possibilidades para o fazer pedagógico, segue uma entrevista com uma profissional da educação que trabalha com crianças portadoras de necessidades especiais, alguns desenhos de estudantes sobre como veem seus colegas "diferentes" e, ainda, algumas considerações.
Um abraços e lembremos sempre de que estamos sempre aprendendo com o outro.
Entrevista
com a Professora Eva Márcia Borges Fernandes
A Professora Márcia trabalha na rede municipal de Ensino
da Cidade de Caxias do Sul/RS, na E.M.E.F. São Vicente de Paula. A formação
profissional dela é Pedagogia/UCS e Especialização em Educação para a
Diversidade/UFRGS
A escolha de entrevista-la se deu em função da
experiência que tem ao longo dos anos em que atua no contexto educacional e
também por estar atuando como educadora em uma turma de 1º ano que atende uma
estudante, em particular, com Síndrome de Down.
Segue, então o relato, o posicionamento da
Professora sobre os aspectos referentes à inclusão:
- Você atua na área da educação há quanto tempo?
Atuo há 26 anos.
- Qual sua experiência profissional
com crianças portadoras de necessidades especiais?
Mais especificamente nos três últimos anos
quando comecei a atuar na rede municipal de ensino de Caxias do Sul/RS, quando
assumi uma turma de séries iniciais que na turma tinham vários alunos de
inclusão.
- Que tipo de atividades você
considera importantes para o desenvolvimento de crianças portadoras de
necessidades especiais?
Atividades onde eles possam
concretamente visualizar e experimentar sobre os processos de aprendizagem. O
importante é sempre buscar junto aos professores com formação para atuar nas
salas de recursos alternativas para propor atividades que estejam de acordo com
a proposta pedagógica e as necessidades de cada aluno, de acordo com o ano em que
está matriculado e com as características da necessidade que apresentam.
- O que você
pensa a respeito da inclusão de crianças portadoras de necessidades especiais
em escolas regulares?
É algo muito importante para a
sociedade como um todo. Antigamente as crianças com características
diferenciadas nem tinham acesso a educação. É muito importante essa preocupação
que vem sendo cada vez mais efetiva sobre esse assunto, no meio educacional.
Mas vale lembrar que nas escolas é necessário ter um suporte, tanto de recursos
materiais, como de recursos humanos, como por exemplo o apoio pedagógico e dos
profissionais que atuam nas salas de recursos (quando elas existem na escola) para
o desenvolvimento de um bom trabalho,
assim, com formação e suporte é possível desenvolver atividades específicas que
contribuam para a aprendizagem de alunos
que em um dado comento acabam por envolver toda a turma.
- Como fica o currículo escolar
quando existe a inclusão?
O currículo sempre é flexibilizado,
de acordo com as necessidades do aluno em questão, bem como o planejamento e as
adequações das atividades, para que o aluno, de acordo com as suas capacidades
consigam aprender e desenvolver habilidades que permitam que ele mesmo se sinta
avançando/aprendendo, superando seus próprios limites.
- Você foi preparada para lidar com
crianças especiais durante a sua formação profissional? Na sua atuação recebe
algum tipo de auxílio?
Não tive nenhum preparo em minha formação
profissional inicial, na época em que me graduei não existia uma discussão
sobre a questão da inclusão. Já no meu curso de especialização que é
direcionado para esse assunto as discussões sobre as possibilidades que se tem
de trabalhar com a inclusão são fundamentais para que se compreenda o contexto
educacional atual e para que se possa saber lidar com essas crianças. Na minha
atuação profissional recebo muito apoio pedagógico e dos profissionais que tem
um maior conhecimento sobre as características dos portadores de necessidades
especiais, permitindo assim, que meu trabalho tenha um acompanhamento e um
suporte que são fundamentais para meu trabalho e para que me realize vendo meus
alunos aprendendo. Não vejo problemas em receber alunos assim, se aprende
muito.
- O que você considera desafiador
para realizar o trabalho escolar no que diz respeito à inclusão?
A estrutura física das escolas que nem
sempre e nem todas estão preparadas para receber alunos com características
diferenciadas... existem escolas que não tem monitores, rampas de acesso, salas
de recursos, etc. Com relação aos alunos, o primeiro desafio é conhecer as
limitações e potencialidades de cada um, tanto os portadores de necessidades
especiais como dos demais, e a partir de então, planejar muito, buscando uma
prática pedagógica que torne o aprender significativo para essas crianças. Uma
barreira é a adequação das questões de higiene e alimentação.
- Como você vê a relação dos alunos
quando tem um colega considerado especial?
São afetuosos, vibram com os acertos, sempre
procuram ajudar, são sensíveis e aprendem também com os “especiais”.
- Como se dá o planejamento e a
avaliação desses alunos?
Sempre
organizo o meu planejamento com a coordenadora pedagógica e com a profissional
da sala de recursos, que me auxiliam e orientam na criação de atividades que
permitam estão de acordo com o proposto no regimento e planos de ensino, sempre
flexibilizando e adequando a realidade e características específicas de cada
um.
- Para você a atuação dos
monitores é significativa?
A
presença dos monitores é muito importante, pois auxiliam com questões de
locomoção, higiene, alimentação, etc. Além disso, por essas razões, a criança
cria vínculo com o monitor que em muitos momentos auxilia não apenas ela, mas
os demais colegas, fazendo assim com que sempre haja integração e interesse...
a atuação dos monitores só vem a somar no ambiente escolar, principalmente em
questões relativas à inclusão.
- Para o educador, qual é o aspecto
que você considera mais importante se ter para atuar com alunos de inclusão?
É
muito importante esse suporte que é previsto em lei: o apoio da sala de
recursos... o professor tendo o conhecimento pedagógico não precisa conhecer sobre
as doenças ou características, patologias, enfim, mas com apoio de um grupo
especializado e técnico para planejar e auxiliar da melhor forma possível,
sempre com afetividade que leva a criança a tomar gosto por estar ali na escola
compartilhando com os demais...
A partir da entrevista com a Professora Márcia é possível fazer várias relações com o nosso fazer pedagógico e com nossas vivências no contexto escolar... então, lá vai PARA PENSAR...
Trabalhar com a diversidade, respeitar as
diferenças, observar e compreender as necessidades, desenvolver potencialidades
respeitando as limitações de cada um, acreditar no ser humano como uma pessoa
que aprende e que é merecedora de empenho e dedicação, não são tarefas fáceis,
tampouco corriqueiras.
Incluir
não é apenas matricular a criança com deficiência na escola e não atender as
suas necessidades em sala de aula. Exige a participação da
família, empenho, responsabilidade social, afeto, aceitação dos colegas e,
ainda, são necessários profissionais preparados e capacitados e necessita de
uma infraestrutura adequada no espaço escolar para abrigar os portadores de
deficiência.